Postcards from the High Seas

I Crioula ! dirás ao violão Da noite e à viola do madrugar Que és noiva e morena             com Lela em Roterdão Jamais venderás pela cidadela             De porta em porta A sede de água doce que balouça             Em latas de folha-de-flandres II De manhã Nevava sobre as têmporas d’Europa A lâmpada da […]

Travellers

Traziam poentes e estradas A sede do horizonte os chamava. – A quem pertences tu? Quem são os da tua casa? Assim estendia nossa avó A caneca de água ao viajante.

from The Shepherd

       I  Era um homem       um homem       um homem. Depois da sua era Será para sempre a lembrança A versão de uma lenda terrível.         II Era um pastor que pastoreara A grande promessa. O pastor que conclamara O horizonte e a agulha do astrolábio. Era um pastor e sua trouxa de deserto. Um […]

Cataclysm and Songs

Feliz o que de mim restar, depois de mim Se uma só das canções cantadas Viver além daquele que em mim agora canta. Da hecatombe não salvaria contudo Uma só das canções que cantei e canto. Às entranhas do olvido Antes roubaria o riso das crianças E a idade do provérbio. Assim aos vindouros Intacto […]

The city goes on sleeping/awake

A cidade vai dormindo/acordada com a luz acesa dos postes, repuxos, estátuas com todos os sinais funcionando e o mar. O metrô não avança nenhum metro. Só os ônibus sonambulam lentos, circulares sem precisar de direção pois conhecem o caminho de cor: nem parecem os mesmos que de dia correm, chapados, entrecortados, e em close-up […]

Breathless Postcard

A natureza não cuida de nada nem olha pra trás. Pára-raios e paraísos e todos os verbos no infinito. Morro dentro da paisagem onde as estações passam nos relógios ao relento. Pelas janelas do trem ao tempo bruscos recortes rápidos arrancados pela raiz do ar livre: o que a lua tira da pedra pedaços de […]

In the mirror

No espelho enigmagem inimaginável? Não. Nem. Mas não me passo mais a limpo. Vou de cinza Dorian Grey sujeito (oculto) a chuvas e trovoadas e só paro quando meu sangue calar a boca de todo. As letras já me salvaram do despenhadeiro: SOS XPTO R.S.V.P. Passeio completo etc.

In itself

Em si mesmo como espelhos, lagos polaróides com revelações instantâneas feito um filme, fita 24 vezes p/ segundo 24 quadros na câmara escura sou 400 ASA voando cem soluções à vista

Your face

Seu rosto é um pedaço de música muda         conforme o vento mas eu o escuto de longe, sem olvido mesmo sem ver e acompanho, de cor o suspiro deste ah mor rasgado                  cego e só.